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quarta-feira, 12 de junho de 2013

“TECNOFILIA” & “TECNOFOBIA”




 O texto “Tecnofila” & “Tecnofobia”, do autor Pedro Demo, discute os posicionamentos relacionados aos termos tecnofilia e tecnofobia perante as novas tecnologias, em especial no campo da educação. Pedro Demo é PhD em Sociologia pela universidade de Saarbrucken, na Alemanha, e pós-doutor pela University of Califórnia at Los Angeles. Professor titular da Universidade de Brasília, atuando no departamento de Sociologia, com mestrado e doutorado em Sociologia.
 

O texto faz uma abordagem sobre como as tecnologias estão sendo cada vez mais inseridas no espaço educacional, procurando ressaltar que as mesmas podem ser usadas como recurso relevante para a educação. O autor focaliza as novas tecnologias como oportunidades de se aprender bem, indo além do tradicional, tornando os alunos aptos a responder as demandas do século XXI. Porém, o desafio pedagógico que é colocado ao uso das tecnologias é o de promover a aprendizagem de qualidade, caso contrário, será apenas mais um “meio”.
 

Pedro Demo considera viável o uso das plataformas da web 2.0 como um grande recurso tecnológico a ser explorado nas escolas. Pois, promovem a autoria e podem se apresentar como um ambiente produtivo, democrático e qualitativo, levando aos alunos a diferentes formas de autorias de texto.
 

O texto também traz considerações importantes aos termos “novas alfabetizações” e “multialfabetizações”, apontando as tecnologias como um modo de alfabetização, ao qual o autor diz que “As crianças alfabetizam-se de modos muito diferente do tradicional quando possuem acesso em casa a computador/internet”. (p.7). Se referindo assim, à interação da criança com o teclado do computador nas situações de comunicação virtual.
 

Demo também alerta para os riscos do uso das tecnologias, como criminalidade, violência, pedofilia, entre outros, mas se detém em expor alguns mitos impostos sobre as mesmas. Dessa forma, o que acontece é que muitas vezes, os educadores preferem privar as crianças ao acesso virtual, em decorrência do lado negativo que as tecnologias oferecem, ao invés de educá-los para o uso apropriado. Com relação a isso o autor propõe “Seria mais pedagógico educar para o uso adequado e responsável da internet, assim como seria tolo proibir o uso da internet nas pesquisas e elaborações dos jovens estudantes”. (p.11). Segundo ele os adultos precisam proteger as crianças, porém não devem proibi-los ao uso das tecnologias.
 

O autor conclui afirmando que a aprendizagem virtual veio para ficar, significando oportunidade fundamental de aprender bem, em especial para as novas gerações.
 

Portanto, o texto traz considerações pertinentes sobre as novas tecnologias no meio educacional e nos faz pensar como esse recurso pode ser viável para a educação. No entanto, torna-se necessário que o professor assuma uma postura de equilíbrio entre as posições tomadas diante dos recursos tecnológicos, não tendo apreciação excessiva e nem recusa total. Sendo nosso século invadido por tecnologias digitais, torna-se crucial saber lidar com elas.


Referência:

DEMO, Pedro. Tecnofilia & Tecnofobia. In: Boletim Técnico do SENAC: a revista da educação profissional. Senac Departamento Nacional. v.35, n.1. jan/abr. 2009, p.5-17.






Cultura, Culturas e Educação


Cultura, culturas e educação de Alfredo Veiga-Neto, foi publicado em 2003 na Revista Brasileira de Educação, cujo autor é doutor em educação, professor titular aposentado do Departamento de Ensino e Currículo da Faculdade de Educação da UFRGS, e atualmente professor convidado do Programa de Pós-Graduação dessa mesma Universidade e professor do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Luterana do Brasil.

O texto aborda as origens do conceito moderno de cultura, as transformações sofridas pelo conceito ao longo do tempo, além da relação entre cultura e educação, que tem gerado grandes discussões em razão dos múltiplos sentidos dos dois termos. A relação entre cultura e educação transformou a pedagogia em palcos de debates teóricos e práticas em torno das questões culturais, pois o conceito moderno de cultura, que a torna múltipla, aumenta as dificuldades no campo educacional.

Alfredo Veiga-Neto em seu texto faz uma distinção entre o conceito de Cultura (com letra maiúscula e no singular) elaborado no século XVIII por intelectuais alemães e a ideia que temos hoje de culturas (no plural). A partir de um sentido elaborado por intelectuais alemães à palavra Kultur, que seria toda a sua contribuição técnica, material e teórica, é que se constitui uma monocultura, fazendo com que os modos de vida, valores e produções alemães se tornassem um modelo a ser seguido pela sociedade. Ou seja, seria um modelo único de cultura, que moldaria através da educação todos aqueles que não estivessem dentro desse “padrão cultural.” Daí surgiu à diferenciação entre alta cultura e baixa cultura. Foi baseado nesse conceito que muitos pedagogos se ocuparam, visto que a educação foi e ainda é vista como o caminho para elevação cultural.

Alfredo Veiga - Neto a partir da obra de Kant Sobre a pedagogia, ressalta que para as pessoas estarem de acordo com essa concepção, tinham que se tornar disciplinadas, cultas, civilizadas e moralizadas. Assim, o texto discute a questão da cultura e civilidade, que Kant e outros autores diferenciam, estabelecendo características que cercam o conceito de cultura ao longo da modernidade.

O texto traz também a questão de se plurificar a fala, ao invés de “Cultura” passa-se a se falar em “Culturas”, pois a monocultura foi colocada em questão pela filosofia, antropologia, lingüística e parte da sociologia. Os essencialistas defendiam a universalização das culturas através da tese de que seria impossível a tradução de uma língua para outras línguas, mas a partir da virada lingüística argumenta-se que não há mais como continuar assumindo aquele sentido universal para a cultura.

Cultura, culturas e educação é um ótimo texto, pois traz questionamentos importantes a respeito das várias faces da cultura e da educação. É um texto de fácil leitura, resumindo em poucas páginas o sentido a que se dava nos séculos passados à palavra “Cultura” e a sua mudança a partir dos anos 20 do século passado. É interessante, o esclarecimento que o autor faz sobre o conteúdo de seu texto, dizendo que não tem a pretensão de sugerir soluções para as nossas dificuldades na relação entre educação e cultura, porém propõe a problematização do nosso momento atual por meio da descrição da emergência do conceito de cultura. Enfim nos traz uma grande reflexão sobre o papel da educação em uma sociedade cada vez mais de caráter multicultural. 

Referência:

VEIGA-NETO, Alfredo.Cultura, culturas e educação. Revista Brasileira de Educação, nº23, mai-ago 2003, p.5-15.









Um saber de fronteira: entre a Antropologia e a Educação



UM SABER DE FRONTEIRA: 
entre a Antropologia e a Educação


Tania Dauster, professora Emérita do Departamento de Educação da Puc-Rio, coordenadora do Cátedra UNESCO de leitura Puc-Rio pesquisadora do CNPq, é autora do livro Antropologia e Educação: um saber de fronteira, do qual faz parte o texto Um saber de fronteira – entre a antropologia e a Educação.
 
Tania Dauster problematiza a relação entre Antropologia e Educação, visando a construção de um saber híbrido ou de fronteira entre ambas as áreas, que possibilita ao professor um melhor entendimento sobre as diversidades culturais. O texto objetiva mostrar como o olhar antropológico pode contribuir na pesquisa e na prática educacional, levando o educador a olhar os seus alunos com outro olhar, estando apto a analisar a heterogeinidade e à diversidade socioculturais em uma sala de aula.
 
Segundo a autora, a opção por esta abordagem ocorreu em função da necessidade de produzir uma atitude de “estranhamento” por parte do educador em sua prática, possibilitando-o a perceber outros sistemas de referências que não o seu próprio. Ou seja, desenvolver no profissional da educação o potencial para aprender maneiras de sentir, pensar e se fazer distintas daquelas que são suas, evitando que o educador assuma uma postura etnocêntrica, centrada nos próprios valores e na sua própria cultura ou etnia. Dauster afirma que o profissional apto a ultrapassar estereótipos e preparado para compreender a diferença e a especificidade de um determinado universo social em seu contexto, é parte da utilização da Antropologia no campo da educação.
 
O texto focaliza o termo cultura a partir do enfoque antropológico, para isso traz duas definições de cultura de autores diferentes, uma enfatizando o etnocentrismo, e a outra percebendo a cultura como socialmente construída. A partir a questão da diversidade cultural, de acordo com a autora, a postura do professor exige um olhar descentrado, que estranha um estereótipo, sendo necessário desnaturalizar os fenômenos na especificidade do social, isto é, entender que as atitudes, os comportamentos e os gostos não são naturais, e sim socialmente construídos.
 
É um texto polêmico que traz questões que nos fazem refletir sobre a nossa posição de professor e a necessidade de conhecimentos de antropologia para melhor conduzirmos a educação. É um bom texto, pois em relação ao assunto a autora se mostra bastante experiente, buscando estabelecer as relações existentes entre Educação e Antropologia, além de nos fazer pensar sobre como as questões ligadas à diversidade cultural estão sendo trabalhadas pelos educadores, pois no campo educacional temos contado com as diferenças culturais.

Referência:
DAUSTER, Tania. Um saber de fronteira – entre a Antropologia e a Educação. In: Antropologia e Educação: um saber de fronteira. Rio de Janeiro: Forma & Ação, 2008.