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quarta-feira, 12 de junho de 2013

Cultura, Culturas e Educação


Cultura, culturas e educação de Alfredo Veiga-Neto, foi publicado em 2003 na Revista Brasileira de Educação, cujo autor é doutor em educação, professor titular aposentado do Departamento de Ensino e Currículo da Faculdade de Educação da UFRGS, e atualmente professor convidado do Programa de Pós-Graduação dessa mesma Universidade e professor do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Luterana do Brasil.

O texto aborda as origens do conceito moderno de cultura, as transformações sofridas pelo conceito ao longo do tempo, além da relação entre cultura e educação, que tem gerado grandes discussões em razão dos múltiplos sentidos dos dois termos. A relação entre cultura e educação transformou a pedagogia em palcos de debates teóricos e práticas em torno das questões culturais, pois o conceito moderno de cultura, que a torna múltipla, aumenta as dificuldades no campo educacional.

Alfredo Veiga-Neto em seu texto faz uma distinção entre o conceito de Cultura (com letra maiúscula e no singular) elaborado no século XVIII por intelectuais alemães e a ideia que temos hoje de culturas (no plural). A partir de um sentido elaborado por intelectuais alemães à palavra Kultur, que seria toda a sua contribuição técnica, material e teórica, é que se constitui uma monocultura, fazendo com que os modos de vida, valores e produções alemães se tornassem um modelo a ser seguido pela sociedade. Ou seja, seria um modelo único de cultura, que moldaria através da educação todos aqueles que não estivessem dentro desse “padrão cultural.” Daí surgiu à diferenciação entre alta cultura e baixa cultura. Foi baseado nesse conceito que muitos pedagogos se ocuparam, visto que a educação foi e ainda é vista como o caminho para elevação cultural.

Alfredo Veiga - Neto a partir da obra de Kant Sobre a pedagogia, ressalta que para as pessoas estarem de acordo com essa concepção, tinham que se tornar disciplinadas, cultas, civilizadas e moralizadas. Assim, o texto discute a questão da cultura e civilidade, que Kant e outros autores diferenciam, estabelecendo características que cercam o conceito de cultura ao longo da modernidade.

O texto traz também a questão de se plurificar a fala, ao invés de “Cultura” passa-se a se falar em “Culturas”, pois a monocultura foi colocada em questão pela filosofia, antropologia, lingüística e parte da sociologia. Os essencialistas defendiam a universalização das culturas através da tese de que seria impossível a tradução de uma língua para outras línguas, mas a partir da virada lingüística argumenta-se que não há mais como continuar assumindo aquele sentido universal para a cultura.

Cultura, culturas e educação é um ótimo texto, pois traz questionamentos importantes a respeito das várias faces da cultura e da educação. É um texto de fácil leitura, resumindo em poucas páginas o sentido a que se dava nos séculos passados à palavra “Cultura” e a sua mudança a partir dos anos 20 do século passado. É interessante, o esclarecimento que o autor faz sobre o conteúdo de seu texto, dizendo que não tem a pretensão de sugerir soluções para as nossas dificuldades na relação entre educação e cultura, porém propõe a problematização do nosso momento atual por meio da descrição da emergência do conceito de cultura. Enfim nos traz uma grande reflexão sobre o papel da educação em uma sociedade cada vez mais de caráter multicultural. 

Referência:

VEIGA-NETO, Alfredo.Cultura, culturas e educação. Revista Brasileira de Educação, nº23, mai-ago 2003, p.5-15.









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